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ASAA
Lyra VMM, Galdino BB, Gueiros MR, Santana WB, Simões DM
Bronquiectasia secundária à aspiração de corpo estranho: um relato de caso
triciais, optou-se pelo tratamento cirúrgico. Sendo procedida
segmentectomia da pirâmide basal (segmentos VII, VIII, IX, X).
Figura 2: Tomograa computadorizada de tórax mostrando espessa-
mento das paredes brônquicas (setas) e perda de volume pulmonar.
Figura 3: Corpo estranho retirado na broncoscopia.
Comentários
O retardo no diagnóstico e tratamento da broncoaspiração
pode causar complicações irreversíveis a médio e longo
prazo.
1
Os métodos diagnósticos sugeridos são a radiogra-
a de tórax, de menor ecácia, pois a maioria dos CE são
radiotransparentes, e a broncoscopia, mais ecaz, com
potencial terapêutico para remoção.
3,4
A broncoscopia pode
ser realizada com o broncoscópio exível ou rígido, este é
considerado padrão ouro, porém apenas nos casos em que
a broncoscopia exível falha é convertida para rígida com
pinça óptica.
3
A bronquiectasia é uma dilatação anormal, podendo ser
focal ou difusa. As focais envolvem um segmento pulmonar,
estando associadas a obstrução localizada das vias por
bloqueio luminal, como por CE.
5
Sendo este o tipo do paci-
ente, envolvendo o segmento do LIE. Essa dilatação anormal
possui três mecanismos contribuintes para sua patogênese,
sendo a obstrução das VA um deles, podendo ser intrínseca,
principalmente em crianças, ou extrínseca. A infecção pode
existir em algum momento da evolução da doença, já que
a distorção brônquica proporcionará maior obstrução e re-
tenção de secreção.
1,2,5
O paciente apresentou pneumonias
de repetição justicadas pelo bloqueio luminal secundário ao
CE durante 20 anos, provocando todo processo patogênico
inamatório. Os pacientes podem apresentar-se clinicamente
com doença indolente, com hemoptise, ou supurativa. No tipo
supurativo, apresenta-se com tosse e expectoração crônica
variável. Eventuais episódios de exacerbação caracterizam-se
por comprometimento sistêmico, aumento da expectoração,
com aspecto mais purulento, podendo ocorrer hemoptise. A
dispneia está presente nos pacientes com doença extensa
ou nas exacerbações.
5
A radiograa de tórax é, frequentemente, o primeiro exame
solicitado, porém apresenta baixa sensibilidade e especi-
cidade para detecção de estágios iniciais. Já a TC de alta
resolução evidencia precocemente achados especícos, con-
siderada mais sensível para o diagnóstico de bronquiectasia,
sendo eleita o padrão ouro para diagnóstico e avaliação da
extensão do acometimento.
2,4-6
Achados tomográcos sugestivos são: razão broncoarterial >
1 a 1,5 (lúmen das VA internas/artéria pulmonar adjacente);
ausência de afunilamento brônquico (aparência de trilho de
bonde); visibilidade das VA dentro de 1 cm de uma superfície
pleural costal ou tocando a pleura mediastinal.
4,6
Por se tratar
de uma alteração irreversível da parede brônquica, mesmo
após retirada do fator desencadeante, a hipersecreção e sua
retenção permanecem causando alterações na ventilação
pulmonar, manifestando-se através de tosse produtiva e
dispneia, facilitando a instalação de infecções, como pneu-
monias.
1,2,6,7
Os objetivos do tratamento das bronquiectasias são: limitar o
dano adicional ao parênquima pulmonar, prevenir as exac-
erbações e manter uma boa qualidade de vida. A ressecção
cirúrgica da área afetada representa o único recurso cura-
tivo, porém é indicada apenas nos casos com formas bem
localizadas, que levam a infecções de repetição e hemoptise
maciça que põe risco a vida; entre 50% e 75% dos pacien-
tes apresentam melhora após ressecção.
5,7
As abordagens
cirúrgicas disponíveis são pneumectomias, lobectomias,
segmentectomias e bilobectomias. Uma vez identicados tais