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ASAA
Lima Filho AIN, Guimarãoes AAB, Barros MCR
Associação de ventrículo único tipo esquerdo com comunicação interatrial tipo
ostium secundum
: um relato de caso
Optou-se por realizar intervenção cirúrgica, com um
shunt
de Blalock-Taussing (da artria subclávia esquerda para
artéria pulmonar esquerda – ASCE/APE), que ocorreu sem
intercorrências. Evoluiu, porém, com bradicardia, hipoten-
são e queda de saturação. Realizou-se um novo ECOTT
que mostrou que o
shunt
não estava prvio. Foi submetida,
então, a um novo procedimento cirúrgico, com realização
de um
shunt
da artéria braquiocefálica para a artéria pul-
monar direita, que ocorreu sem intercorrências, porém sem
mudança do estado clínico da paciente. Para avaliação do
shunt
, a paciente realizou novo cateterismo cardíaco, em
que foi feita uma implantação de 2 stents na anastomose
APE/ASCE, alm de plastia ao nal da APE. Ademais, o
shunt
à direita foi ocluído. Após procedimento, a paciente
evoluiu com melhora da saturação de O
2
, com bom uxo
pelo
shunt
. Recebeu alta da UTI em boas condiçes clínicas,
seguida de alta hospitalar, aps 2 meses de internação
para acompanhamento em sua cidade de origem.
Comentários
O VU uma má formação congênita que atinge de 4 a 8
em cada 10.000 nascidos vivos.
4
Essa condição caracte-
rizada por uma circulação univentricular e por dupla via de
entrada e saída ventricular em que uma câmara suporta a
circulação sistêmica e pulmonar. Na maioria dos casos, há
presença de ambos os ventrículos, sendo um considerado
a câmara principal e o outro uma câmara rudimentar, na
qual há diferentes níveis de hipoplasia. Para avaliar os
pacientes com circulação única necessário analisar como
se conectam os átrios, ventrículos e os grandes vasos de
maneira sequencial-segmentar.
A circulação coronária da paciente se constitui por ar-
ranjo de átrios que se conecta por dupla via por valvas
atrioventriculares ao ventrículo direito por trabeculaçes
septomarginais grosseiras e bem denidas. Havendo um
único ventrículo, há mistura sanguínea dos retornos da
circulação, com oxigenação e distribuição dependente
do grau de obstrução pulmonar, das resistências do átrio
esquerdo, da pressão nas veias pulmonares e da resistência
das artrias vasculares no circuito de ventrículo único.
3,4
Em relação à CIA do tipo
ostium secundum
apresentada
pela paciente, pode-se dizer que esse orifício provém da
deciência do septo atrial primitivo, tecido o qual forma
a lâmina da fossa oval. Esse tipo de CIA corresponde a
80% do total de casos.
2,4
Os sintomas dessa condição estão
associados a magnitude e duração do desvio, os quais são
determinados pelo tamanho do defeito e pela complacência
dos ventrículos. Tal complacência, por sua vez, bastante
inuenciada pela resistência vascular pulmonar. No caso
da paciente, temos um ventrículo único associado a uma
alta resistência vascular pulmonar, constituindo uma íntima
relação entre os achados da cardiopatia congênita. O
hiperuxo da CIA, em geral, bem tolerado por vários
anos, mas, no presente caso, dado à complexidade dos
achados da paciente, percebemos uma superposição de
sinais e sintomas cardiovasculares, como dispneia e cianose
aos esforços apresentados.
4
Conclusão
Os autores dão ênfase à complexidade da cardiopatia
descrita pela presença de múltiplos defeitos associados. A
presença da CIA do tipo
ostium secundum
em um quadro
de VU com dupla via de entrada e saída requer um manejo
especial pela sua singularidade, com grande esforço por
parte dos cardiologistas pediátricos, em razão do grande
número de complicaçes tardias que esses pacientes podem
apresentar.
Financiamento: não houve nanciamento
André Inocêncio Novaes Lima Filho
https://orcid.org/0000-0003-0112-3320
Alice Almeida de Barros Guimarães
https://orcid.org/0000-0002-6016-5195
Mariana Costa do Rego Barros
https://orcid.org/0000-0002-2078-4354
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