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ASAA
Azevedo Filho HRC
A Universidade de Oxford e o seu papel na descoberta da penicilina cristalina e na produção de vacina contra a Covid-19
Devido ao esforço de guerra britânico não havia con-
dições nanceiras para produzir a penicilina em larga
escala. Desse modo, a equipe se transferiu para o Estado
de Washington nos Estados Unidos e seis meses depois
o milagroso fármaco estava nos campos de batalha da
Europa.
Por que tamanha fama foi auferida por Fleming? Comen-
ta-se que ele era muito amigo de Winston Churchill, que
por seu turno se encarregou de colocar na grande mídia
da época a importância do papel de Fleming na desco-
berta. Ao contrário de Florey, que como bom cientista
era recatado nos seus contatos com a imprensa, Fleming
era falastrão e se aproveitou das conexões de Churchill
com os meios de comunicação londrinos que por sua
vez se encarregaram de hipertroar o seu desempenho
no formidável evento. Oitenta anos após, vemos a Uni-
versidade de Oxford liderando um avanço tecnológico
que eventualmente possa vir a salvar a humanidade
dessa tragédia perpetrada pelo traiçoeiro e mortífero
vírus, cognominado de Covid-19.
Não sou obviamente especialista na área de vacinas, po-
rém abstraindo a relação com a minha querida Universi-
dade de Oxford, acredito que se obtivermos uma vacina
que venha a nos salvar a de Oxford é dentre as várias
que se apresentam como a que mais me proporciona
sentimentos animadores. Claro que esse vírus, diaboli-
camente inteligente, apresenta centenas de mutações em
seus genomas o que torna o desenvolvimento da vacina
salvadora mais complexo e demorado. Por outro lado,
embora saibamos que o tempo urge também entende-
mos que a pressa é inimiga da perfeição, entendimento
substanciado quando analisamos as principais vacinas
disponíveis no nosso armamentário e vericamos que
a maioria desses imunizadores levou anos para serem
colocados a serviço da população.
A princípio, cabe informar que esse grupo de pesqui-
sadores da Universidade de Oxford ligado à produção
da vacina em lide vem trabalhando em uma velocidade
nunca vista nessa corrida em prol da proteção dos seres
humanos do nosso planeta. Eles fazem parte do Instituto
Jenner que por mais de 30 anos tem se projetado na
linha de frente do mundo cientíco no que tange o de-
senvolvimento de várias vacinas que trouxeram proteção
à raça humana.
Os resultados da Fase I e II foram publicados no dia
20 de julho na revista
The Lancet
os quais indicaram
que não houve sinais precoces de preocupação no que
concerne à biossegurança e que induziram forte resposta
imune em ambas as porções do sistema imunológico.
A vacina provocou uma robusta reação positiva das
células T (células brancas que podem atacar células
infectadas com o vírus SARS-CoV-2) após 14 dias de
administrada, aliada a uma admirável resposta dos an-
ticorpos ao cabo de 28 dias. Os anticorpos foram, por
conseguinte, capazes de neutralizar o vírus de tal sorte
que ele não conseguiu infectar células sadias quando
uma vez abordadas pelo agente agressor. A fase I e II
do estudo britânico começou em abril de 2020 e du-
rante essa etapa a vacina foi testada em mais de 1000
voluntários sadios com idades entre 18 e 55 anos em
um estudo randomizado controlado. Um subgrupo de 10
indivíduos recebeu duas doses da vacina. Essa fase foi
concluída em 21 de maio de 2020 e em nenhum dos
1077 voluntários foi reportado qualquer efeito colateral
de maior monta.
Os resultados encorajadores das fases I e II justica-
ram o acesso à fase III da pesquisa. Para a consecução
desse projeto, além de convênios com outros parceiros
como o Brasil, a Universidade de Oxford disponibilizou
84 milhões de libras esterlinas através de recursos go-
vernamentais e rmou associação com a companhia
Astra-Zeneca a m de que se pudessem empreender
futuros desenvolvimentos na produção em larga escala
da tão esperada vacina, o que por certo trará um maior
potencial para a distribuição mais prossional do medi-
camento. O programa global da fase III já foi iniciado
quando se pretende imunizar 30.000 pessoas em vários
países, notando-se que na África do Sul e no Brasil a
imunização já está em estágio avançado de processa-
mento. Em caso da mesma vir a ser ecaz, do ponto de
vista social o contrato realizado entre a Universidade de
Oxford e a AstraZeneca explicita enfaticamente que a
citada companhia farmacêutica se comprometeu a pro-
mover um amplo e equitativo acesso à tão esperada nova
droga com o seu compromisso de prover mais de dois
bilhões de doses a preços que possam ser absorvidos
pelos países de menor poder aquisitivo.
Do ponto de vista técnico, a equipe de Oxford consta de
mais de 100 pesquisadores liderados pelos Professores
Sarah Gilbert e Andrew Polard, entre outros. Essa equipe
tem décadas de reconhecida experiência internacional
com a pesquisa e produção de vacinas contra o Ebola,
Flu, Zika e a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente
Médio), sendo essa última também causada por outro
corona vírus. A vacina Covid-19 de Oxford apresenta
certa particularidades técnicas que sumariamente podem
ser descritas da seguinte forma. Utiliza a ChAdOx1 que
é um vetor da vacina contra um adenovírus que afeta
chimpanzés, que é mais das vezes inócuo e que frequen-
temente ocasiona gripes comuns nesses primatas. Esse
adenovírus vetor tem sido empregado sem problemas
em milhares de seres humanos. Uma vez associado a
uma sequencia genética do material proteico advindo
de certas partes do invólucro do Covid-19, quando ad-
ministrado na nossa espécie, esse conjunto adentra as
células humanas que por seu turno usam esse código
genético para produzir uma proteção à penetração do
vírus agressor. Ao mesmo tempo, induzindo uma resposta
imunológica que serve como mecanismo de ataque ao
novo corona.
Os resultados da fase III serão estatisticamente analisados
comparando o número de infecções no grupo controle,
ou seja, naqueles que cegamente receberam o placebo,
com o acontecido com os indivíduos que verdadeiramen-
te receberam a vacina. Se o nível de contaminação atual
permanecer elevado se estima que em dois meses se
possa concluir se a prolaxia foi efetiva ou não. Se por