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ASAA
Azevedo Filho HRC
Tristes reflexões em tempos do Covid-19...
um passado recente. Para piorar a situação, a falta de
recursos para o SUS se vê agravada pelo mesmo estar
inserido em uma máquina estatal paquidérmica, sempre
burocraticamente travada, disfuncional e frequentemente
encharcada por denúncias de corrupção. Na verdade,
essa colossal máquina estatal, em todos os níveis e em
todos os poderes, consome uma enorme, censurável e des-
necessária quantidade dos nossos recursos para mantê-la
funcionando como atividade meio, e com suas mazelas
asseguradas, quando se olvidam a responsabilidade do
poder público com as atividades m do estado que são
em última análise a saúde, a educação, a segurança, o
bem estar social e a infraestrutura.
Se a Constituição de 1988 trouxe o SUS como ponto
positivo, por outro lado permitiu que boa parte da classe
política se apoderasse dos seus preceitos democráticos
para promover o maior assalto a uma nação que a civi-
lização ocidental já presenciou. No momento presente,
como um favor para que o Ministério da Saúde possa
combater o COVID 19, os nossos legisladores concordam
em doar cinco a dez bilhões de reais das suas verbas
(NOSSO DINHEIRO) que seriam destinadas através de
suas emendas, com honrosas exceções, para alimentar
as bocas vorazes dos seus apaniguados e seguidores,
medidas não republicanas, fundamentalmente eleitoreiras
e que redundariam em maior número de votos em elei-
ções futuras. Nesse momento de pânico e de sofrimento,
abrigados sob a criminosa escusa quando alegam a não
observância da ordem regimental do legislativo federal,
seus dirigentes se recusam a abrir mão, em prol do esforço
na luta contra a pandemia, dos três bilhões de reais que
eles nos impuseram para que absurdamente nanciásse-
mos as próximas eleições.
Hoje o nosso SUS luta bravamente para se preparar e
se equipar emergencialmente para enfrentar essa terrível
calamidade que lamentavelmente ainda se encontra em
estágios iniciais, cuja tarefa heroica e hercúlea seria
na situação atual extremamente amenizada se desde
1988 houvesse se estabelecida uma política de estado
no sentido de torna-lo minimamente adequado para o
nosso povo. Carências de hospitais, emergências perma-
nentemente superlotadas, longas listas de espera para
cirurgias ditas não urgentes, consultas ambulatoriais de
especialistas sendo marcadas com três, quatro, seis me-
ses de espera, fazem parte da nossa realidade diária. É
admissível se considerar como não urgente ou se aceitar
um ser humano viver um ano ou mais com uma sonda na
bexiga enquanto espera para operar um tumor benigno
da próstata? Coloquem-se senhores lideres dessa nação
na posição desses pacientes, talvez seja difícil para os
mesmos entenderem porque a maior parte quando tem
qualquer problema de saúde procura imediatamente
os grandes hospitais particulares, principalmente os de
São Paulo e com despesas pagas através do bolso do
contribuinte.
Com o Ministério da Saúde dispondo de um parco or-
çamento de 130 bilhões de reais, nós nos esquecemos,
e nesse grupo incluo uma grande porção dos principais
gestores dos três poderes da república e boa parte da
chamada grande imprensa, dos 500 bilhões de reais que
nos roubaram apenas no dito esquema ‘Petrolão’. É pro-
vável que atualmente o denominado esquema ‘Mensalão’
seja considerado por alguns uma obra de cção e não me
espantaria com a possibilidade da Operação Lava a Jato,
mercê do interesse daqueles que detêm poder e temem
a possibilidade de serem pela mesma julgados e aprisio-
nados, vir pouco a pouco se esvaziando, sendo por certo
do interesse dos assaltantes do Brasil que desapareça nas
brumas da história. Não acredito que haja mais nenhum
preso decorrente do malsinado esquema do mensalão,
talvez apenas o ‘laranja’ Marcos Valério. Na pilhagem
do petróleo, os poucos que ainda permanecem por trás
das grades, não tenho dúvidas, em um futuro bem próximo
serão libertados pelas instâncias judiciais superiores. Não
se espantem se no futuro a operação Lava a Jato vier a
ser considerada mediante plano arquitetado por todos
os meliantes envolvidos, e seus protetores, como o agente
criminoso dessa trágica história.
É revoltante quando se observa um estado gigante, inope-
rante e deciente para com os seus deveres com os seus
concidadãos, ter decidido construir arenas de futebol
gigantes, hiperfaturadas e sem nenhuma função social
associadas a obras desnecessárias e também manancial
para enriquecimento ilícito, com o to de sediar copa
do mundo de futebol e olimpíadas, decisões totalmente
descabidas e sabidamente destinadas a aumentar o nosso
endividamento interno, a falência das nossas contas e o
deleite daqueles comparsas convidados a participar desse
manjar da corrupção.
Também é revoltante se constatar quando os gestores
atuais em uma atitude de puro farisaísmo propagam que
vão reduzir os custos da máquina pública para ajudar
na luta contra o COVID 19. Por que não reduziram esses
custos, aparentemente tão fácil e rapidamente, antes dessa
catástrofe se instalar? Por que no passado não reduziram
o número de assessores, carros ociais, penduricalhos
no sentido de aumentar a disponibilidade de ofertar à
sociedade um ensino melhor, uma segurança adequada
e uma saúde condizente com aquela que os líderes da
república buscam para seus entes queridos quando ne-
cessitados?
É revoltante ver o ilustre Ministro da Saúde mendigar
por alguns bilhões para a compra de equipamentos. É
revoltante, repito, sabermos que a crise do COVID 19
aumentará em cerca de 300 bilhões de reais o nosso
endividamento interno no ano de 2020 e pior ainda nos
sentimos quando vemos que apenas no esquema petrólão
nos levaram 500 bilhões, isso sem falar nas outras institui-
ções que foram vítimas desses meliantes.
É revoltante se ver a construção emergencial de hospitais e
a abertura de leitos de leitos de UTI, seguramente a preços
estratosféricos pois a situação favorece a não necessidade
de licitação, estruturas essas que possivelmente serão
futuramente abandonadas e não agregadas à atividade
médica assistencial do SUS. Nessa hora trágica, ocasião
em que a nação está em risco pela possibilidade de
contabilizar milhares de vidas ceifadas e pelo risco de